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Corpo, espelho e comparação: por que nunca nos achamos boas o suficiente?

  • Foto do escritor: Adriane Centeno
    Adriane Centeno
  • 30 de jul.
  • 3 min de leitura
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O espelho como campo de batalha

Você já se olhou no espelho e sentiu que havia algo errado com você? Uma barriga que não deveria estar ali, um rosto que não parece harmônico o suficiente, um corpo que simplesmente… decepciona. Muitas vezes, essa sensação aparece silenciosamente, mas com força: uma autocrítica constante que faz do espelho um lugar de julgamento, e não de acolhimento.


Mas de onde vem esse olhar tão duro sobre nós mesmas? Por que nos comparamos tanto com os outros? E o que isso diz sobre nossa relação com o corpo?


Corpo e cultura: quando o olhar vem de fora

Vivemos em uma cultura marcada pela performance e pela imagem. A todo momento, somos bombardeadas por imagens de corpos idealizados: na TV, nas redes sociais, nas vitrines, nos anúncios. Muitas dessas imagens são editadas, filtradas, estilizadas. Mas ainda assim, nos atravessam.


O corpo torna-se um cartão de visita, um currículo afetivo, uma promessa de aceitação. E com isso, muitas vezes passamos a viver para sermos vistas. Como nos lembra Joyce McDougall, o corpo pode se tornar um teatro onde o sofrimento psíquico se inscreve. Ou seja: não se trata apenas de “não gostar do que vê”, mas de uma dor mais profunda, de algo que falta ou que transborda no modo como nos relacionamos conosco.


A ferida da comparação: o eu sempre em falta

Comparar-se é humano, mas quando essa comparação se torna crônica, o sujeito se dissolve num ideal inalcançável. O Instagram, por exemplo, não é apenas um álbum de fotos: é um espelho distorcido, onde só se mostram os ângulos bons, os filtros certos, os dias felizes.


E ao nos compararmos com essas imagens editadas, começamos a acreditar que há algo de errado conosco. Que deveríamos estar mais magras, mais jovens, mais felizes. Essa comparação constante nos afasta da nossa singularidade e nos aprisiona em uma lógica de falta, onde o eu nunca é suficiente.


A psicanálise nos ajuda a escutar esse “não sou suficiente” como um sintoma, como um modo de expressão do sofrimento. E ao fazer isso, ela nos convida a tirar o espelho do lugar de juiz e a colocá-lo, talvez, como uma superfície onde podemos nos olhar com mais escuta.


O espelho não precisa ser um inimigo

É possível reconstruir a relação com o corpo? Sim, mas isso não acontece com fórmulas prontas ou mantras de positividade. A reconstrução começa quando deixamos de lutar contra o corpo e passamos a escutá-lo. Na clínica, esse trabalho é lento, cuidadoso, e profundamente subjetivo. Ele envolve revisitar histórias, dores, expectativas. Envolve dar sentido ao modo como se olha e se sente. E mais: envolve sustentar o vazio sem se anular.


Talvez o espelho continue ali, todos os dias. Mas o que pode mudar é o modo como você se olha.


Nosso corpo carrega nossa história e aprender a habitá-lo é também aprender a sustentar nossa existência com menos autocrítica e mais presença.


Se você sente que vive em guerra com seu corpo, que nunca se sente suficiente diante do espelho ou das redes sociais, talvez esteja na hora de buscar um espaço de escuta. Um lugar onde sua dor possa ser dita, compreendida e elaborada. A psicanálise não oferece soluções rápidas. Mas ela oferece algo que hoje parece raro: tempo, escuta e acolhimento.



Se algo em você se reconheceu nesse texto, talvez seja o momento de começar a cuidar de si de um outro lugar. Estou disponível para te escutar.


📍 Atendimento presencial na cidade de Porto Alegre e online



Sobre a autora


Sou psicóloga & psicanalista, com atuação voltada para transtornos alimentares, psicossomática e avaliação psicológica para cirurgia bariátrica. Trabalho com escuta clínica profunda e ética, buscando sempre acolher o sujeito em sua singularidade e sofrimento.

 
 
 

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© 2025 Psicóloga Clínica Adriane Centeno. 

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